domingo, 10 de novembro de 2013

A volta ao lar

Boa tarde!
    Gostaria de pedir desculpas à todos, pois ontem eu não tive como acessar a net, porém, vou procurar compensá-los contando um pouco mais sobre tudo o que passei e ainda sobre o que venho passando.
    Aos que acompanharam minhas postagens anteriores, vou dar continuidade a última história.... O que aconteceu foi mais ou menos assim....
    Os seis meses da minha internação iriam se completar no dia 05 de junho de 2012, porém, em comum acordo entre o diretor da clínica, o terapeuta e a psicóloga eu fui liberado no dia 28 de maio, oito dias antes do previsto. Ao saber da notícia, resolvi fazer uma surpresa para minha família, então o pessoal da clínica combinou somente com a minha esposa.
    No dia da minha saída eu acordei muito cedo, aliás, acredito que nem dormi direito, foi uma noite longa, mas levantei da cama logo às 6:00 da matina e fui fazer minha higiene pessoal, em seguida fiquei aguardando o início das atividades matinais, minha mala já estava pronta, mas só fui liberado à tarde. Acredito que esse foi o dia mais longo da minha vida, mas em compensação foi muito bom porque pude me despedir dos meus amigos, companheiros de caminhada, pessoas pelas quais eu sinto um imenso carinho e que realmente me ensinaram muito, ensinaram através de seus comportamentos e pensamentos tanto certos quanto errados.
    Ainda sinto o gosto da "liberdade" que senti quando cruzei os portões daquela instituição abençoada. É muito bom voltar para "o mundo real", confesso que também senti medo, porque à partir daquele momento eu estava novamente de volta ao mundo, de volta aos riscos, havia acabado aquela proteção, eu não iria ter psicólogos, psiquiatras e terapeutas ao meu lado à todo momento, seríamos somente eu, o mundo com as suas mazelas e todas aquelas ferramentas que eu adquiri durante o tempo da internação..... E assim eu fui para casa. Ao chegar, fui recebido pela mãe que era felicidade pura, ao mesmo tempo que ela sorria, também chorava, afinal, à sua frente estava a sua esperança renovação. Eu também chorei muito.... Estava de volta em casa, cheio de sonhos, planos e pensando em aproveitar todos os momentos com cada um. Também me lembro bem dos olhinhos brilhantes, marejados da minha filha e do famoso abraço gostoso do meu pai... Naquele momento eu enxerguei que nenhuma droga no mundo poderia me dar sensação semelhante àquela, foi então que percebi o quanto eu sou amado e importante na vida deles. Momentos depois, chegou minha esposa e então a família se reuniu para colocar o papo em dia.
    Os dias seguintes foram de readaptação, eu ainda estava de licença médica e não tinha voltado ao trabalho. O mais engraçado é que sempre que eu saia para resolver qualquer coisa, eu tinha uma companhia, minha mãe ia comigo à todos os lugares e o mais surpreendente é que aquilo não me incomodava.
    Foi em meio a tantas coisas legais que eu estava passando, que de repente meu mundo desmoronou.... No dia 02 de junho, cinco dias após meu retorno ao convívio da família, recebi  telefonema que me desestruturou, minha mãe havia passado mal de manhã e meu pai havia corrido com ela para o hospital, mas o que me deixou mais preocupado foi o fato de que a ligação foi feita por uma amigo da família que me disse para ir depressa para o Hospital... Tinha alguma coisa errada.... Eu fui dirigindo e pensando, tentando não acreditar no que minha cabeça me dizia. Chegando no Hospital, meu pensamento estava certo, minha mamãe havia sofrido um infarto fulminante... Ela estava morta... O que seria de mim agora......
    Não sei no que vocês acreditam, mas eu tenho a certeza de que ela só estava me esperando para poder partir, minha mãe, um espírito evoluído, não podia ir embora sem cumprir com a sua missão. Ela precisava ver que seu filho havia virado um homem de verdade e que tudo o que ela havia feito e ensinado não foi em vão. Diante de tudo, ela já poderia descansar em paz.
    Minha mãe não estava mais aqui e eu, passei vários dias sem vontade de sair de casa, eu passava a maior parte do tempo deitado, ficávamos eu e meu pai em casa, sem rumo, sem foco, parecia que estávamos vivendo por viver. Alguns dias depois eu voltei a trabalhar e aos poucos fui a rotina foi voltando, mesmo com o fato da dor e da saudade não diminuírem nunca, pelo contrário, elas só aumentam.
    Hoje estou em recuperação, vivendo e deixando viver, tenho um compromisso com Deus, comigo mesmo, com minha família e principalmente com minha mãe, pois, quando ela estava no caixão, eu prometi que nunca mais eu a decepcionaria, independente de onde e estivesse.... Hoje eu tenho motivação para viver e tenho procurado evoluir como ser humano, como marido, como pai, irmão e filho.
    Essa é mais uma situação que eu passei na vida e vou confessar que falar da minha mãe, ou melhor, do que aconteceu com ela, ainda é muito difícil para mim, estou digitando aqui, com um aperto no coração e com os olhos cheios de lágrimas. Ainda dói muito, eu não consegui digerir o que aconteceu... Depois vou falar para vocês um pouco da mulher mais maravilhosa, inteligente, honesta e guerreira que eu conheci... Minha mãe.....
    Obrigado pela atenção e pela compreensão de todos... Vocês são pessoas muito importantes para mim, afinal, vocês são os meus terapeutas, estão me ajudando a desabafar.
    Nos veremos novamente amanhã e agora sem falta.... Fiquem com Deus e muito obrigado.
   

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