Boa noite pessoal.
Como todo dependente químico, mesmo estando em recuperação, tenho uma grande oscilação de humor e confesso à vocês que passei o dia todo ansioso para poder escrever, fiquei pensando em qual parte da minha vida eu iria compartilhar, porém neste exato momento, estou pensando e não estou conseguindo a inspiração necessária para transmitir meu sentimento.
Peço desculpas, e me comprometo a contar uma experiência bem interessante amanhã, espero que entendam.
Nos encontraremos amanhã e de preferência bem mais cedo, porque assim que a vontade de escrever aparecer, vou correr para a frente do computador.
Uma ótima noite e até amanhã...
sexta-feira, 8 de novembro de 2013
quinta-feira, 7 de novembro de 2013
A internação
Internação é uma coisa que nunca havia passado pela minha cabeça, sempre acreditei que isso era para os fracos, à partir do momento que eu cogitasse essa possibilidade, automaticamente eu estaria assinando meu atestado de incompetente, de fracassado, derrotado e ainda assumindo minha dependência para todos os que me conheciam.
Mesmo com esses pensamentos, no dia 05 de dezembro de 2011, após ter passado por tudo aquilo que citei em meu relato anterior, reconheci a necessidade de me internar para tratamento.
Eu cheguei na Clínica por volta das 18:00 horas, confesso à vocês que ao mesmo tempo que eu precisava da internação, eu também sentia um medo e uma insegurança porque era tudo tão novo e tão diferente para mim, porém, eu estava determinado.... Me lembro da expressão da minha mãe ao conhecer o local, estava nítido em seu rosto o dilema que se passava em sua cabeça, pois ela sabia da necessidade dessa internação e ao mesmo tempo, eu sei que ela não queria me deixar ali, mas mesmo assim, eu fiquei.
Sinceramente, aquela foi a atitude mais acertada da minha vida, foi onde eu descobri que ao invés de um fracassado, eu estava dando o primeiro passo para me tornar um vitorioso.
Fui muito bem recebido por todos, tanto pelos pacientes, quanto pela equipe de trabalho e com pouco tempo na casa, já fiz algumas amizades.
Acredito que eu nunca chorei tanto em minha vida como na primeira noite de internação, eu passei a noite inteira acordado e na minha cabeça se passava um filme com tudo o que eu já havia vivido até aquele momento, confesso que mais parecia um filme de terror, pois, quando se está internado, além das emoções e os sentimentos estarem à flor da pele, os momentos de auto análise e de reflexão são muitos.
Na manhã seguinte, não consegui participar das atividades da casa, eu só chorava e pensava na minha filha, e em todos da minha família, pensava também na insanidades que eu havia cometido em toda minha vida até o dia em que cheguei ali. Não parava de pensar no meu trabalho e na repercussão que seria quando todos soubessem do que havia acontecido comigo.
Foram seis meses de internação, seis meses convivendo com um "bando de malucos" que acabou se tornando minha família, pessoas que sofrem da mesma doença que eu e que me ensinaram muito, foi uma troca de experiências incrível. Eu vi muitas pessoas passarem por aquela casa enquanto eu estive lá, muitos foram os que concluíram o tratamento e muitos outros desistiram.
Durante o período do tratamento eu reaprendi a viver, resgatei os valores que há muito estavam perdidos, aprendi a valorizar cada minuto com minha família, voltei a sentir prazer na pequenas coisas da vida, enfim, me redescobri de uma maneira que nem eu lembrava que existia e com isso, tudo começou a mudar, meu relacionamento com minha família voltou ao normal, voltei a ter dialogo com minha esposa, reconquistei a amizade do meu irmão e do meu pai, estreitei meu relacionamento com o Poder Superior, que para mim é Deus, um ser que me ama e que me deu mais uma oportunidade de transformação.
Não vou dizer que tudo foi um mar de rosas, por várias vezes eu pensei em ir embora, em abandonar o tratamento, mas eu sabia que tinha que ficar até o fim. E foi o que aconteceu, pela segunda vez na minha vida eu consegui concluir algo..
Bom, espero ter passado um pouco do que eu senti, e que vocês percebam o quanto uma atitude correta pode mudar totalmente o rumo de nossas vidas, amanhã falarei um pouco dessas mudanças.
Desejo uma noite abençoada para todos.... Fiquem com Deus e até amanhã....
Mesmo com esses pensamentos, no dia 05 de dezembro de 2011, após ter passado por tudo aquilo que citei em meu relato anterior, reconheci a necessidade de me internar para tratamento.
Eu cheguei na Clínica por volta das 18:00 horas, confesso à vocês que ao mesmo tempo que eu precisava da internação, eu também sentia um medo e uma insegurança porque era tudo tão novo e tão diferente para mim, porém, eu estava determinado.... Me lembro da expressão da minha mãe ao conhecer o local, estava nítido em seu rosto o dilema que se passava em sua cabeça, pois ela sabia da necessidade dessa internação e ao mesmo tempo, eu sei que ela não queria me deixar ali, mas mesmo assim, eu fiquei.
Sinceramente, aquela foi a atitude mais acertada da minha vida, foi onde eu descobri que ao invés de um fracassado, eu estava dando o primeiro passo para me tornar um vitorioso.
Fui muito bem recebido por todos, tanto pelos pacientes, quanto pela equipe de trabalho e com pouco tempo na casa, já fiz algumas amizades.
Acredito que eu nunca chorei tanto em minha vida como na primeira noite de internação, eu passei a noite inteira acordado e na minha cabeça se passava um filme com tudo o que eu já havia vivido até aquele momento, confesso que mais parecia um filme de terror, pois, quando se está internado, além das emoções e os sentimentos estarem à flor da pele, os momentos de auto análise e de reflexão são muitos.
Na manhã seguinte, não consegui participar das atividades da casa, eu só chorava e pensava na minha filha, e em todos da minha família, pensava também na insanidades que eu havia cometido em toda minha vida até o dia em que cheguei ali. Não parava de pensar no meu trabalho e na repercussão que seria quando todos soubessem do que havia acontecido comigo.
Foram seis meses de internação, seis meses convivendo com um "bando de malucos" que acabou se tornando minha família, pessoas que sofrem da mesma doença que eu e que me ensinaram muito, foi uma troca de experiências incrível. Eu vi muitas pessoas passarem por aquela casa enquanto eu estive lá, muitos foram os que concluíram o tratamento e muitos outros desistiram.
Durante o período do tratamento eu reaprendi a viver, resgatei os valores que há muito estavam perdidos, aprendi a valorizar cada minuto com minha família, voltei a sentir prazer na pequenas coisas da vida, enfim, me redescobri de uma maneira que nem eu lembrava que existia e com isso, tudo começou a mudar, meu relacionamento com minha família voltou ao normal, voltei a ter dialogo com minha esposa, reconquistei a amizade do meu irmão e do meu pai, estreitei meu relacionamento com o Poder Superior, que para mim é Deus, um ser que me ama e que me deu mais uma oportunidade de transformação.
Não vou dizer que tudo foi um mar de rosas, por várias vezes eu pensei em ir embora, em abandonar o tratamento, mas eu sabia que tinha que ficar até o fim. E foi o que aconteceu, pela segunda vez na minha vida eu consegui concluir algo..
Bom, espero ter passado um pouco do que eu senti, e que vocês percebam o quanto uma atitude correta pode mudar totalmente o rumo de nossas vidas, amanhã falarei um pouco dessas mudanças.
Desejo uma noite abençoada para todos.... Fiquem com Deus e até amanhã....
quarta-feira, 6 de novembro de 2013
A recaída!
A literatura de Narcóticos Anônimos diz que a recaída faz parte da recuperação, isso às vezes pode soar de forma estranha, porém, muitas das vezes, a recaída é o que falta para o Dependente Químico descobrir que não tem mais condição física, mental e/ou espiritual de continuar usando drogas, ou como dizem, descobrir que não tem mail vela para queimar... E foi isso que me aconteceu.
Consegui permanecer limpo por um ano e dois meses, somente frequentando as reuniões de NA, mas quando completei um ano de abstinência, diminui a frequência nas reuniões, fui perdendo o contato com os companheiros e em decorrência disso, a doença foi retomando seu espaço em mim. Eu pensava que já estava bem, porque não sentia vontade de usar drogas, mas no fundo, apesar de não aceitar, eu tinha muitas reservas, eu acreditava, ou melhor eu tentava me enganar, pensando que meu único problema era com a cocaína e que eu já podia voltar a beber... Passei um bom tempo alimentando essa ideia e em fevereiro de 2011, quando completei o décimo quarto mês limpo, resolvi que já era a hora de voltar a beber...
Não me recordo exatamente o dia da semana, mas creio que era um sábado, me lembro como se fosse hoje... Fui para o bar de um conhecido e pedi uma cerveja bem gelada e bebi logo o primeiro copo em um só gole. Pronto...... Nesse momento algo mudou, toda aquela certeza que eu tinha foi embora... Eu não consegui mais pensar em nada, fui tomado por um desejo insustentável, eu precisava cheirar,e era naquele momento. Tomado por uma vontade incontrolável, peguei o telefone e liguei para um traficante conhecido, pois o telefone dele estava gravado na mente, em seguida fui encontrá-lo o mais rápido que pude. Pronto... Ali estava tudo eu que eu mais queria... Não pude esperar nem um minuto, comecei a cheirar no carro mesmo.
Voltei ao bar e continuei a beber, porém, agora eu estava municiado... E como se não bastasse, ainda encontrei um ex colega da Faculdade que ao me ver já foi logo me convidando para fumar um baseado... Resumindo.... Para quem "só queria beber uma cerveja" eu acabei usando quase tudo o que eu podia.
Daí para frente, foram nove meses de uso totalmente descontrolado, eu já não conseguia mais fazer nada sem a maldita cocaína, eu cheirava todos os dias sem parar, trocava o dia pela noite, ainda mais porque eu trabalhava fazendo plantão noturno, então eu passava a noite inteira "ligado", com isso, voltou aquele velho ciclo vicioso, droga, bebida, farra, promiscuidade, dividas, enfim todo aquele inferno vivido anteriormente estava de volta.
Eu já não aguentava mais usar, muitas das vezes eu cheirava chorando, me sentindo a criatura mais suja e asquerosa do mundo. Foi então que reconheci minha fraqueza, minha impotência perante não somente as drogas, mas também perante os meus comportamentos inadequados. Foi então que na madrugada de domingo para segunda, eu tive um despertar espiritual, encontrei um amigo na rua que olhou nos meus olhos e disse: " Cara olha pra você, você é uma pessoa bacana, não precisa disso, sua cara está transformada, para com isso." Essas palavras não saíram da minha cabeça... Eu estava trancado no carro, desesperado, quando resolvi pedir ajuda e então, mandei uma mensagem pedindo socorro para minha esposa e para minha mãe. A mensagem dizia: Preciso de ajuda, se vocês acham que ainda mereço uma última chance venham me buscar, estou em 'tal lugar", não aguento mais, preciso ser internado. Ah e tragam gasolina porque estou no prego..... Graças à Deus, elas foram e atenderam o meu pedido.
Vou parando por aqui, amanhã eu continuo essa história, vou começar a falar da minha internação, explicar como foi e tudo o que eu senti.... Só queria lembrar a todos que qualquer semelhança com essa história não é mera coincidência..... No fundo, só mudam os personagens.
Uma ótima noite à todos e até amanhã.
Consegui permanecer limpo por um ano e dois meses, somente frequentando as reuniões de NA, mas quando completei um ano de abstinência, diminui a frequência nas reuniões, fui perdendo o contato com os companheiros e em decorrência disso, a doença foi retomando seu espaço em mim. Eu pensava que já estava bem, porque não sentia vontade de usar drogas, mas no fundo, apesar de não aceitar, eu tinha muitas reservas, eu acreditava, ou melhor eu tentava me enganar, pensando que meu único problema era com a cocaína e que eu já podia voltar a beber... Passei um bom tempo alimentando essa ideia e em fevereiro de 2011, quando completei o décimo quarto mês limpo, resolvi que já era a hora de voltar a beber...
Não me recordo exatamente o dia da semana, mas creio que era um sábado, me lembro como se fosse hoje... Fui para o bar de um conhecido e pedi uma cerveja bem gelada e bebi logo o primeiro copo em um só gole. Pronto...... Nesse momento algo mudou, toda aquela certeza que eu tinha foi embora... Eu não consegui mais pensar em nada, fui tomado por um desejo insustentável, eu precisava cheirar,e era naquele momento. Tomado por uma vontade incontrolável, peguei o telefone e liguei para um traficante conhecido, pois o telefone dele estava gravado na mente, em seguida fui encontrá-lo o mais rápido que pude. Pronto... Ali estava tudo eu que eu mais queria... Não pude esperar nem um minuto, comecei a cheirar no carro mesmo.
Voltei ao bar e continuei a beber, porém, agora eu estava municiado... E como se não bastasse, ainda encontrei um ex colega da Faculdade que ao me ver já foi logo me convidando para fumar um baseado... Resumindo.... Para quem "só queria beber uma cerveja" eu acabei usando quase tudo o que eu podia.
Daí para frente, foram nove meses de uso totalmente descontrolado, eu já não conseguia mais fazer nada sem a maldita cocaína, eu cheirava todos os dias sem parar, trocava o dia pela noite, ainda mais porque eu trabalhava fazendo plantão noturno, então eu passava a noite inteira "ligado", com isso, voltou aquele velho ciclo vicioso, droga, bebida, farra, promiscuidade, dividas, enfim todo aquele inferno vivido anteriormente estava de volta.
Eu já não aguentava mais usar, muitas das vezes eu cheirava chorando, me sentindo a criatura mais suja e asquerosa do mundo. Foi então que reconheci minha fraqueza, minha impotência perante não somente as drogas, mas também perante os meus comportamentos inadequados. Foi então que na madrugada de domingo para segunda, eu tive um despertar espiritual, encontrei um amigo na rua que olhou nos meus olhos e disse: " Cara olha pra você, você é uma pessoa bacana, não precisa disso, sua cara está transformada, para com isso." Essas palavras não saíram da minha cabeça... Eu estava trancado no carro, desesperado, quando resolvi pedir ajuda e então, mandei uma mensagem pedindo socorro para minha esposa e para minha mãe. A mensagem dizia: Preciso de ajuda, se vocês acham que ainda mereço uma última chance venham me buscar, estou em 'tal lugar", não aguento mais, preciso ser internado. Ah e tragam gasolina porque estou no prego..... Graças à Deus, elas foram e atenderam o meu pedido.
Vou parando por aqui, amanhã eu continuo essa história, vou começar a falar da minha internação, explicar como foi e tudo o que eu senti.... Só queria lembrar a todos que qualquer semelhança com essa história não é mera coincidência..... No fundo, só mudam os personagens.
Uma ótima noite à todos e até amanhã.
terça-feira, 5 de novembro de 2013
Continuando....
Após muitos outros "flagrantes" por parte da minha esposa e com a situação se complicando cada vez mais, as brigas eram intensas e diárias e as ofensas só aumentavam.
Apesar de ter um bom salário, tínhamos que contar com a ajuda financeira dos meus pais, já que meu dinheiro não rendia nem para colocar comida dentro de casa. Foi diante desse cenário que meu pai, minha mãe e minha esposa sentaram à mesa junto comigo e me expuseram tudo o que estavam sentindo e sugeriram que eu frequentasse o Narcóticos Anônimos. A minha sensação foi uma das piores possíveis, pois estávamos nós quatro ali, todos chorando tentando achar uma solução para um problema que já não era só meu. Ainda assim, somente minha esposa sabia que meu problema real era o vício da cocaína, mas mesmo assim, ela não sabia que eu já cheirava todos os dias.
Enquanto eu frequentava as reuniões do NA, minha família frequentava as reuniões do Amor Exigente e assim tudo começou a melhorar, foram um ano e dois meses limpo, sem mentiras, traições ou qualquer outro tipo de comportamento inadequado. Já saia de casa sem nenhum problema, eu já havia reconquistado a confiança de todos. O casamento estava às mil maravilhas. Mas como já era de costuma, sempre que as coisas estavam fluindo bem, eu tinha que fazer algo para estragar tudo.
Vou terminar de falar da minha esposa, essa parte da recaída, vou contar com detalhes amanhã.......
Sei que mesmo com tudo o que aconteceu, ela permanecia ao meu lado e sempre apostando que eu iria mudar e que as coisas iriam melhorar, mesmo depois que eu voltei ao uso, e principalmente nesse momento, ela não desistiu de mim e sempre me sugeria que procurasse ajuda profissional, foi mais um anos e pouco de uso abusivo de drogas, porque eu cheirava todos os dias e em todos os lugares, em casa, no trabalho, na rua, no carro, enfim, não havia hora nem local.
Até que um belo dia, após uma experiência das mais malucas da minha vida, onde pensei que fosse morrer de overdose, resolvi seguir os conselhos da minha esposa e pedi para ser internado, meu pedido foi prontamente atendido pela minha mãe e minha esposa.
Foram seis meses de internação, onde eu lutava lá dentro todos os dias contra mim mesmo e essa mulher abençoada que Deus colocou em minha vida lutando aqui fora para cuidar de nossa filha que na época tinha 5 anos e em decorrência das circunstâncias ficou com problemas psicológicos, correndo atrás de dinheiro para tentar pagar todas as dívidas que eu contraí, que aliás chegaram em torno de R$ 70.000,00, isso mesmo, mais ou menos setenta mil reais. Sinceramente eu não sei como ela deu conta de segurar toda essa barra, mas sei que ela superou tudo isso e ainda conseguiu me perdoar por tudo, porque quando me internei, muitas situações que até então eram ocultas vieram à tona.
Sei que com sua fé e com a esperança de ver sua família restaurada e reestruturada ela não me abandonou e mais uma vez acreditou em minha mudança e por isso, hoje estamos juntos, felizes e curtindo cada momento que não podemos curtir no passado.
Amor da minha vida, muito obrigado por tudo e principalmente por apostar no amor, apostar em tudo de bom que passamos juntos e por ter me dado uma nova chance de te provar o quanto eu te amo e que por você e por nossa filha, pelo respeito do meu pai, pela amizade do meu irmão e pela memória da minha mãezinha eu me tornei um novo homem, vivendo cada dia de uma vez e procurando fazer o melhor que posso em todos os âmbitos da vida. Amo-te e agradeço de coração por tudo.
É isso pessoal, minha história de amor é mais ou menos assim, amanhã eu vou contar sobre a minha pior fase, a fase da recaída, quando eu tão pouco tempo eu consegui destruir tantos sonhos e tantos projetos, até chegar no fundo do poço.
Mais uma vez, agradeço à vocês por me emprestarem um pouco do seu tempo e por estarem atuando como meus psicólogos. Nos reencontramos amanhã, fiquem com Deus!
Apesar de ter um bom salário, tínhamos que contar com a ajuda financeira dos meus pais, já que meu dinheiro não rendia nem para colocar comida dentro de casa. Foi diante desse cenário que meu pai, minha mãe e minha esposa sentaram à mesa junto comigo e me expuseram tudo o que estavam sentindo e sugeriram que eu frequentasse o Narcóticos Anônimos. A minha sensação foi uma das piores possíveis, pois estávamos nós quatro ali, todos chorando tentando achar uma solução para um problema que já não era só meu. Ainda assim, somente minha esposa sabia que meu problema real era o vício da cocaína, mas mesmo assim, ela não sabia que eu já cheirava todos os dias.
Enquanto eu frequentava as reuniões do NA, minha família frequentava as reuniões do Amor Exigente e assim tudo começou a melhorar, foram um ano e dois meses limpo, sem mentiras, traições ou qualquer outro tipo de comportamento inadequado. Já saia de casa sem nenhum problema, eu já havia reconquistado a confiança de todos. O casamento estava às mil maravilhas. Mas como já era de costuma, sempre que as coisas estavam fluindo bem, eu tinha que fazer algo para estragar tudo.
Vou terminar de falar da minha esposa, essa parte da recaída, vou contar com detalhes amanhã.......
Sei que mesmo com tudo o que aconteceu, ela permanecia ao meu lado e sempre apostando que eu iria mudar e que as coisas iriam melhorar, mesmo depois que eu voltei ao uso, e principalmente nesse momento, ela não desistiu de mim e sempre me sugeria que procurasse ajuda profissional, foi mais um anos e pouco de uso abusivo de drogas, porque eu cheirava todos os dias e em todos os lugares, em casa, no trabalho, na rua, no carro, enfim, não havia hora nem local.
Até que um belo dia, após uma experiência das mais malucas da minha vida, onde pensei que fosse morrer de overdose, resolvi seguir os conselhos da minha esposa e pedi para ser internado, meu pedido foi prontamente atendido pela minha mãe e minha esposa.
Foram seis meses de internação, onde eu lutava lá dentro todos os dias contra mim mesmo e essa mulher abençoada que Deus colocou em minha vida lutando aqui fora para cuidar de nossa filha que na época tinha 5 anos e em decorrência das circunstâncias ficou com problemas psicológicos, correndo atrás de dinheiro para tentar pagar todas as dívidas que eu contraí, que aliás chegaram em torno de R$ 70.000,00, isso mesmo, mais ou menos setenta mil reais. Sinceramente eu não sei como ela deu conta de segurar toda essa barra, mas sei que ela superou tudo isso e ainda conseguiu me perdoar por tudo, porque quando me internei, muitas situações que até então eram ocultas vieram à tona.
Sei que com sua fé e com a esperança de ver sua família restaurada e reestruturada ela não me abandonou e mais uma vez acreditou em minha mudança e por isso, hoje estamos juntos, felizes e curtindo cada momento que não podemos curtir no passado.
Amor da minha vida, muito obrigado por tudo e principalmente por apostar no amor, apostar em tudo de bom que passamos juntos e por ter me dado uma nova chance de te provar o quanto eu te amo e que por você e por nossa filha, pelo respeito do meu pai, pela amizade do meu irmão e pela memória da minha mãezinha eu me tornei um novo homem, vivendo cada dia de uma vez e procurando fazer o melhor que posso em todos os âmbitos da vida. Amo-te e agradeço de coração por tudo.
É isso pessoal, minha história de amor é mais ou menos assim, amanhã eu vou contar sobre a minha pior fase, a fase da recaída, quando eu tão pouco tempo eu consegui destruir tantos sonhos e tantos projetos, até chegar no fundo do poço.
Mais uma vez, agradeço à vocês por me emprestarem um pouco do seu tempo e por estarem atuando como meus psicólogos. Nos reencontramos amanhã, fiquem com Deus!
segunda-feira, 4 de novembro de 2013
A mulher da minha vida.
Lembro como se fosse hoje, eu tinha 16 anos e ela 13... Eu estava na porta de uma Boate quando encontrei com um amigo acompanhado de duas meninas, foi meio que paixão à primeira vista. Fiquei eufórico ao conhecer aquela menina linda, bem magrinha e apesar dos meus esforços, não ficamos naquela noite.
O tempo foi passando e nós passamos a nos encontrar sempre nas festinhas. Sempre que nos víamos, nós ficávamos, sempre foi uma atração muito forte. Ainda era um namorinho infantil, com o passar dos tempos, foram muitas idas e vindas e ela sem saber quem era realmente aquele rapaz pelo qual havia se apaixonado.
Com o decorrer de uns anos, o namoro se tornou mais sério e eu resolvi contar à ela, já que irámos namoras sério, ela precisava saber quem eu era. Foi quando resolvi contar que era usuário de maconha e que não estava interessado em parar e que se quisesse algo sério comigo, ela deveria me aceitar daquela forma.
Em meio a mais algumas idas e vindas, ficamos noivos, eu já estava com 23 anos, e já era totalmente dependente do álcool e já cheirava cocaína com uma certa frequência. O casamento ocorreu no ano seguinte, como várias promessas minhas de mudança de vida, pois, ela já me cobrava uma postura diferente, de homem e não mais de menino, mas como sempre eu prometi várias coisas que eu tinha certeza que não cumpriria.
Um fato que marcou muito minha vida e que fez com que eu realmente me perdesse e me entregasse às drogas, foi a morte do meu irmão mais velho, que era praticamente tudo o que eu queria ser, era uma pessoa muito importante na minha vida. A morte dele se deu menos de um ano antes do meu casamento. Mas a história da morte dele precisa de mais espaço e eu vou contar para vocês em uma outra ocasião.......
De volta ao casamento.... Tivemos alguns bons momentos juntos, mas sempre que as coisas estavam bem, eu tinha que fazer algo para estragar. As discussões eram frequentes porque a cada dia que passava eu bebia mais e não percebia que minha dependência só aumentava. Eu me encontrava na fase da negação e sempre que era questionado sobre a bebida, as respostas já estavam na ponta da língua..... Eu controlo minha bebida, bebo com o meu dinheiro, ninguém tem nada a ver com a minha vida, na hora que eu quiser eu paro.... E assim eu justificava todos os meus erros. O que as pessoas que me cercavam não sabiam era que eu já estava cheirando cocaína com uma frequência muito grande, pois, essa era a forma que eu havia encontrado para esquecer os problemas, fugir das minhas responsabilidades e não sentir a perda do meu irmão.
Com alguns anos de casamento, o vício me dominava totalmente e eu já virava noites na rua, com meus "amigos" e tudo o que me importava era garantir a minha satisfação pessoal, com isso, vieram as traições, os problemas financeiros, as trocas do dia pela noite, as desconfianças e muitas brigas.
A situação ficou pior no dia em que minha esposa achou uma sacolinha cheia de cocaína no meu carro. Apesar dela já desconfiar, foi a primeira vez que ela viu e me colocou contra a parede, com isso, ela passou a me cobrar uma atitude diferente. Mais uma vez eu prometi que isso não iria se repetir, é claro que era mentira.
Vou ficar por aqui, porque os relatos que virão amanhã não serão fáceis para mim, peço que entendam, tenho que me preparar psicologicamente, porque vou contar à vocês tudo o que fiz de pior para mim e para minha família.
Tenham todos uma ótima noite e até amanhã..... Um grande abraço!
O tempo foi passando e nós passamos a nos encontrar sempre nas festinhas. Sempre que nos víamos, nós ficávamos, sempre foi uma atração muito forte. Ainda era um namorinho infantil, com o passar dos tempos, foram muitas idas e vindas e ela sem saber quem era realmente aquele rapaz pelo qual havia se apaixonado.
Com o decorrer de uns anos, o namoro se tornou mais sério e eu resolvi contar à ela, já que irámos namoras sério, ela precisava saber quem eu era. Foi quando resolvi contar que era usuário de maconha e que não estava interessado em parar e que se quisesse algo sério comigo, ela deveria me aceitar daquela forma.
Em meio a mais algumas idas e vindas, ficamos noivos, eu já estava com 23 anos, e já era totalmente dependente do álcool e já cheirava cocaína com uma certa frequência. O casamento ocorreu no ano seguinte, como várias promessas minhas de mudança de vida, pois, ela já me cobrava uma postura diferente, de homem e não mais de menino, mas como sempre eu prometi várias coisas que eu tinha certeza que não cumpriria.
Um fato que marcou muito minha vida e que fez com que eu realmente me perdesse e me entregasse às drogas, foi a morte do meu irmão mais velho, que era praticamente tudo o que eu queria ser, era uma pessoa muito importante na minha vida. A morte dele se deu menos de um ano antes do meu casamento. Mas a história da morte dele precisa de mais espaço e eu vou contar para vocês em uma outra ocasião.......
De volta ao casamento.... Tivemos alguns bons momentos juntos, mas sempre que as coisas estavam bem, eu tinha que fazer algo para estragar. As discussões eram frequentes porque a cada dia que passava eu bebia mais e não percebia que minha dependência só aumentava. Eu me encontrava na fase da negação e sempre que era questionado sobre a bebida, as respostas já estavam na ponta da língua..... Eu controlo minha bebida, bebo com o meu dinheiro, ninguém tem nada a ver com a minha vida, na hora que eu quiser eu paro.... E assim eu justificava todos os meus erros. O que as pessoas que me cercavam não sabiam era que eu já estava cheirando cocaína com uma frequência muito grande, pois, essa era a forma que eu havia encontrado para esquecer os problemas, fugir das minhas responsabilidades e não sentir a perda do meu irmão.
Com alguns anos de casamento, o vício me dominava totalmente e eu já virava noites na rua, com meus "amigos" e tudo o que me importava era garantir a minha satisfação pessoal, com isso, vieram as traições, os problemas financeiros, as trocas do dia pela noite, as desconfianças e muitas brigas.
A situação ficou pior no dia em que minha esposa achou uma sacolinha cheia de cocaína no meu carro. Apesar dela já desconfiar, foi a primeira vez que ela viu e me colocou contra a parede, com isso, ela passou a me cobrar uma atitude diferente. Mais uma vez eu prometi que isso não iria se repetir, é claro que era mentira.
Vou ficar por aqui, porque os relatos que virão amanhã não serão fáceis para mim, peço que entendam, tenho que me preparar psicologicamente, porque vou contar à vocês tudo o que fiz de pior para mim e para minha família.
Tenham todos uma ótima noite e até amanhã..... Um grande abraço!
domingo, 3 de novembro de 2013
Um segundo estágio....
Continuando.....
Com o uso frequente e quase sempre combinado de álcool, tabaco e maconha eu levava a minha vida de forma medíocre, porém, me achava um cara muito doido, sempre fazendo parte da galera da zoação e ainda conseguindo conciliar as coisas, já que não tinha quase nenhuma responsabilidade, a não ser, estudar.
Foi quando terminei o segundo grau que as coisas começaram a ficar mais graves. Eu estava com 19 anos, no auge da curtição, quando passei no vestibular para Direito em uma Universidade particular. Quase nunca conseguia assistir as aulas, mesmo saindo de casa todos os dias com esse pretexto.... O que ocorria era que todo dia tinha alguma festinha ou então eu ia para barzinhos com meus "amigos". Consegui sustentar essa situação por um ano, foi quando tomei coragem e falei para os meus pais (claro que não contei os motivos reais) e disse que não queria mais fazer aquele curso, que aquilo não era para mim, até que os convenci.
Quando sai da Faculdade, passei aproximadamente uns 2 anos sem fazer nada de produtivo, minha vida se resumia em dormir tarde, acordar tarde, fumar maconha a tarde toda e comer muito. Foi quando as pessoa começaram a descobrir realmente o que eu estava fazendo. Foi quando meus pais me chamaram e chorando, me disseram que sabiam o que eu estava fazendo, mas como um bom dependente químico, tratei logo de minimizar a situação dizendo que só tinha experimentado e que não iria mais fumar. Claro que foi só pra ganhar tempo, porque na verdade eu não iria parar, pelo contrário, a quantidade e a frequência em que eu fumava só aumentava à cada dia.
A maconha me dava uma sensação de liberdade e de poder, motivos pelos quais eu não conseguia enxergar os prejuízos que ela estava me trazendo. Perdi algumas amizades, algumas meninas que eu ficava não queriam mais sair comigo, mas mesmo assim, o problema era deles, todos eram muito "caretas" para andarem comigo.
Foi quando acordei um dia e senti que estava ficando com raciocínio lento, tive a sensação de meu cérebro estava ficando atrofiado e pensei comigo mesmo que não conseguiria mais estudar, pois inha capacidade de assimilar coisas novas estava prejudicada. Até que um dia um amigo me falou de um curso Técnico com duração de 2 anos... Resumindo um pouco a história..... Me formei, fui um dos melhores alunos da turma, mas........ O consumo de álcool já havia se tornado diário e muitas das vezes estava associado à cocaína, droga que eu já havia experimentado e até então, usava apenas esporadicamente.
Eu havia encontrado o casamento perfeito... álcool e cocaína, o prazer que eu sempre procurei e que alguns anos mais tarde veio a se tornar o motivo do meu fundo de poço, o vício em cocaína foi o que veio acabar com praticamente tudo o que eu tinha....
Bom pessoal, mas essa é uma história que tem que ser contada de uma maneira mais detalhada, pra que todos possam entender o que esse vício me causou e como as coisas aconteceram em minha vida, também para que eu possa falar um pouco das pessoas que vivenciaram tudo isso junto comigo.
Amanhã eu irei contar à vocês sobre como e quando conheci minha esposa, falar sobre o posicionamento dela em relação a tudo e também da barra que ela passou ao meu lado.
Vale lembrar que meus depoimentos aqui não seguirão uma ordem cronológica, pois, minha intenção é de relatar os fatos da minha vida, à medida que eu for me lembrando e também conforme eu achar relevante.
Ah, se vocês se sentirem à vontade, podem fazer comentários, todos eles serão bem vindos.
Um abraço e uma boa noite à todos....
Com o uso frequente e quase sempre combinado de álcool, tabaco e maconha eu levava a minha vida de forma medíocre, porém, me achava um cara muito doido, sempre fazendo parte da galera da zoação e ainda conseguindo conciliar as coisas, já que não tinha quase nenhuma responsabilidade, a não ser, estudar.
Foi quando terminei o segundo grau que as coisas começaram a ficar mais graves. Eu estava com 19 anos, no auge da curtição, quando passei no vestibular para Direito em uma Universidade particular. Quase nunca conseguia assistir as aulas, mesmo saindo de casa todos os dias com esse pretexto.... O que ocorria era que todo dia tinha alguma festinha ou então eu ia para barzinhos com meus "amigos". Consegui sustentar essa situação por um ano, foi quando tomei coragem e falei para os meus pais (claro que não contei os motivos reais) e disse que não queria mais fazer aquele curso, que aquilo não era para mim, até que os convenci.
Quando sai da Faculdade, passei aproximadamente uns 2 anos sem fazer nada de produtivo, minha vida se resumia em dormir tarde, acordar tarde, fumar maconha a tarde toda e comer muito. Foi quando as pessoa começaram a descobrir realmente o que eu estava fazendo. Foi quando meus pais me chamaram e chorando, me disseram que sabiam o que eu estava fazendo, mas como um bom dependente químico, tratei logo de minimizar a situação dizendo que só tinha experimentado e que não iria mais fumar. Claro que foi só pra ganhar tempo, porque na verdade eu não iria parar, pelo contrário, a quantidade e a frequência em que eu fumava só aumentava à cada dia.
A maconha me dava uma sensação de liberdade e de poder, motivos pelos quais eu não conseguia enxergar os prejuízos que ela estava me trazendo. Perdi algumas amizades, algumas meninas que eu ficava não queriam mais sair comigo, mas mesmo assim, o problema era deles, todos eram muito "caretas" para andarem comigo.
Foi quando acordei um dia e senti que estava ficando com raciocínio lento, tive a sensação de meu cérebro estava ficando atrofiado e pensei comigo mesmo que não conseguiria mais estudar, pois inha capacidade de assimilar coisas novas estava prejudicada. Até que um dia um amigo me falou de um curso Técnico com duração de 2 anos... Resumindo um pouco a história..... Me formei, fui um dos melhores alunos da turma, mas........ O consumo de álcool já havia se tornado diário e muitas das vezes estava associado à cocaína, droga que eu já havia experimentado e até então, usava apenas esporadicamente.
Eu havia encontrado o casamento perfeito... álcool e cocaína, o prazer que eu sempre procurei e que alguns anos mais tarde veio a se tornar o motivo do meu fundo de poço, o vício em cocaína foi o que veio acabar com praticamente tudo o que eu tinha....
Bom pessoal, mas essa é uma história que tem que ser contada de uma maneira mais detalhada, pra que todos possam entender o que esse vício me causou e como as coisas aconteceram em minha vida, também para que eu possa falar um pouco das pessoas que vivenciaram tudo isso junto comigo.
Amanhã eu irei contar à vocês sobre como e quando conheci minha esposa, falar sobre o posicionamento dela em relação a tudo e também da barra que ela passou ao meu lado.
Vale lembrar que meus depoimentos aqui não seguirão uma ordem cronológica, pois, minha intenção é de relatar os fatos da minha vida, à medida que eu for me lembrando e também conforme eu achar relevante.
Ah, se vocês se sentirem à vontade, podem fazer comentários, todos eles serão bem vindos.
Um abraço e uma boa noite à todos....
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